sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Os acessos da polémica

Associação de Freguesias da Serra da Estrela defende itinerário por Sul
Túneis da Estrela «penalizam fortemente a região»

A Associação de Freguesias da Serra da Estrela, com sede em Loriga, Seia, é contra a construção de túneis na Serra, argumentando que esta solução «penaliza fortemente a região».
Numa altura em que está prestes a terminar o debate público sobre os três cenários propostos pelo Governo para a definição dos eixos rodoviários que vão servir a região da Serra da Estrela, a Associação «vem contestar de forma veemente a possibilidade da travessia da Serra poder vir a ser feita através da construção de túneis». Em comunicado, as sete freguesias (Alvoco da Serra, Cabeça, Loriga, Sazes da Beira, Teixeira, Valezim e Vide) «saem em defesa do cenário que contorna a Serra da Estrela por Sul, o qual valoriza toda esta zona, confrontada com enormes problemas de desertificação».
A Associação acredita que a concretização do IC6 e IC7, preconizados no cenário 5, poderá «traduzir-se num incentivo ao investimento e consequente desenvolvimento económico da região» e recorda que a elaboração do estudo da avaliação estratégica que está em curso pretende «encontrar o cenário mais favorável para o desenvolvimento da rede rodoviária na zona da Serra da Estrela, tendo em conta a sustentabilidade do território e atendendo a critérios não só de natureza rodoviária, mas também social, ambiental e de desenvolvimento económico», refere o comunicado assinado por António Alves, Presidente da Junta de Fregueia de Alvoco da Serra.
Quem também contesta a construção dos túneis é a Câmara e a Assembleia Municipal de Seia. Como o PE tem vindo a noticiar, Eduardo Brito, Presidente da autarquia, considera que esta opção «não é viável», quer pelos custos, quer pelo tempo que levaria a concretizar. «Seia não está disposta a esperar mais 50 anos por estes acessos e considera que alguns daqueles que agora defendem os túneis o fazem porque já estão servidos de boas acessibilidades», lê-se num comunicado municipal, numa alusão à posição favorável de Carlos Pinto.
O autarca sublinha ainda que os túneis não dariam lucro às construtoras e que «o concelho não pode esperar muito mais tempo pelos acessos», pois está em causa a sua desertificação. «Os túneis, um dos três traçados, no âmbito do estudo elaborado pelo Governo, é aquele que maior custo tem e menos benefícios traz», reitera a autarquia no documento.
A posição defendida pelo edil senense é a de que o traçado contorne a Serra, uma vez que «serve mais populações e sai mais barato».
Recorde-se que o Estudo de Avaliação Estratégica está em consulta pública até ao dia 12 de Fevereiro. Há três traçados possíveis para estas ligações. O cenário A prevê a construção de três novas estradas: o IC6, entre Coimbra e Covilhã; o IC7, entre Venda de Galizes e a A25 (em Celorico da Beira ou Fornos de Algodres); e o IC37, entre Seia e Viseu. O cenário B assenta no IC7, entre a Covilhã e Viseu, com túneis para atravessar a Serra da Estrela, o maior dos quais com cerca de 8,5 quilómetros, entre Manteigas e Seia/Gouveia. Quanto ao IC6, está ali previsto que ligue Coimbra e a A25 no Distrito da Guarda. Já o cenário C consiste na adaptação do perfil em X apresentado no cenário B, mas contornando a Serra da Estrela a Sudoeste entre Sandomil, São Gião, Vide e Alvoco da Serra, para onde também estão previstos túneis, mas mais pequenos.
Entretanto, um “abaixo-assinado” em defesa da construção de túneis para atravessamento da Serra da Estrela está a circular na vila de Manteigas, revelou fonte da autarquia local.
"In Jornal Porta da Estrela"